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Traço Doméstico (TS4)
Propriedade
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Traço Musicista Cativante (TS4)
Trilha sonora
O(A) autor(a) separou para você uma música para você ouvir enquanto lê o capítulo!
"Dead to Me", Melanie Martinez


Um mês depois.

Depois da morte dos pais e da liberação dos corpos pelo IML, o velório e o enterro foram planejados. Rafaela esteve presente nos dois, não se desgrudando dos caixões por um segundo. Edgar, seu noivo, era seu cão de guarda e não a abandonou por um segundo. O velório foi bastante movimentado por todos os conhecidos e amigos de Rafaela. Como uma boa samaritana, ela nunca negou ajuda a alguém que precisasse, o que lhe rendeu a gratidão de várias pessoas. Mas ela não o fazia pelo reconhecimento social ou pelo ego: fazia porque queria e amava o que fazia. E essa veracidade de sentimentos era o que faziam muitos caírem em suas graças. Em sinal de respeito e apoio, muitos beneficiados pelas boas ações da bela moça compareceram e ofereceram um ombro amigo.

Laura deu-se ao luxo de não comparecer ao velório. Embora parte de si sentia-se mal por não comparecer ao evento, as vozes que falavam mais alto eram as da vingança e do ressentimento. Estas diziam para tratar tudo com frieza.

Ora, eles cagaram para você a vida inteira. Não comparecer estaria de bom grado.
Mas são seus pais.
Que pais exemplares! A meretriz e o embriagado!
São seus pais! Nós vamos ser minimamente educadas e viraremos essa página.

Tais sentimentos conflitantes a mantiveram acordada durante a maioria da noite, até ela desmaiar de cansaço ao pé da cama. O pingo de compaixão que ainda existia nela a fez derramar algumas lágrimas, mas não muitas. Decidiu, afinal, que iria aparecer. Ao menos no enterro.

Mortos enfim!
Não fale assim.
Que os vermes desfigurem os seus cadáveres!
Eles não eram tão maus assim.

Oi, Laura! Tudo bem? Ainda bem que me passaram o seu número. Não sei por que não apareceu no velório – deve estar um caco, tadinha. Foi um choque pra mim também. Mas espero que você apareça no enterro. É amanhã, às 3 da tarde. Te espero lá. Beijos. *bipe*

Quinta-feira chuvosa, aquela.

Foi prometido e foi cumprido. Laura comparecerá, mais fria do que nunca. Entretanto, desafiando sua pontualidade característica, ela fez questão de aparecer vinte minutos atrasada. Vestia um sobretudo preto, assim como uns óculos de sol e trazia consigo um guarda-chuva da mesma cor. Embora feliz por saber que os pais não sobreviveram – afinal, ninguém sobrevive – à crueldade do tempo, ela tentou disfarçar o leve sorriso que esboçava.

Estacionou o carro perto do cemitério e respirou fundo. Seria a primeira vez que reencontraria a irmã, tantos anos depois. Laura nunca se deu ao trabalho de manter contato com a meia – gostava de manter o “meia” bem claro – irmã, já que ela morava no mesmo covil que seus pais. Enxergou um homem de camiseta branca e calça preta se afastando do aglomerado onde estava tomando sede o enterro, mas não deu muita importância.

Alameda Laura - Foto 7

Agarrou seu pequeno ramalhete de flores e saiu do carro. Olhou para a multidão ao longe e respirou fundo. Então, foi andando lentamente em direção à multidão. O evento contava com apenas umas dez pessoas, embora o suficiente para manter Laura longe dos caixões e desapercebida por Rafaela. Com o fim do minuto de silêncio pedido pelo padre, o mesmo dá suas condolências a órfã. As outras dez pessoas também se reúnem para fazer o mesmo e se dispersam, em direção a saída.

Enquanto Rafaela estava distraída, Laura observou as lápides. Sem muita emoção, largou o ramalhete perto das lápides e saiu do lugar sem cerimônias. Quando a última pessoa terminou de falar com Rafaela, esta se volta e enxerga a (meia) irmã depois de tantos anos.

– Oi! Laurinha! – falou Rafaela, com a voz ainda fraca, enquanto se aproximou para abraçar Laura.

Ela ainda faz isso?!
Ela tem que fazer isso?

– Oi. – respondeu Laura, ríspida.

– Desculpa estar assim toda destruída para te ver, mas sabe, né? – falou ela, olhando rapidamente para as mais novas lápides do cemitério. Entretanto, ela não deixou transparecer a tristeza por muito tempo e voltou a dirigir a palavra à meia-irmã. – Como é que você tá? Não te vejo faz tempo!

– Pois é… eu ando… bem. – falou Laura, pronunciando a última palavra com certo nojo. – E você?

– Ah, vou indo, como posso…, mas é difícil. Por enquanto eu tenho que viver naquele lugar horrível… – pela primeira vez na vida, Laura concordava com algo que a irmã tinha dito. Lugar horrível. – …porque não tenho pra onde ir, na verdade.

Alameda Laura - Foto 8

Enquanto Rafaela suspirava novamente, apenas o barulho da chuva se destacava.

– É bom falar com você. – respondeu Laura, sem vontade. Seja cordial, repetia ela para si mesma. Seja cordial.

– Ah, você não tem ideia como é mesmo, Laurinha! – falou Rafaela. De onde vem essa intimidade?! – Ah, você não viu meu noivo por aí?

Rafaela começou a olhar ao redor, procurando pelo tal noivo, até parar e dar-se por conta que não o tinha mencionado ainda.

– Ai, desculpa, não te contei. Estou noiva… o nome dele é Edgar. Um fofo! – falou ela, com uma pontinha de alegria mesmo nesse momento deprimente. – Ele insistiu em me trazer um casaco, o bobinho. Pode procurar por ele? Ed deve estar no nosso carro, na entrada do cemitério. Vá você. Eu… só quero dizer um último adeus.

Alameda Laura - Foto 9

Por mim, faça o que você quiser com essas pedras esculpidas aí, pensou Laura. Exploda, de preferência. Agora tenho que me encontrar com esse fracassado.

Laura permitiu-se esfregar as costas de Rafaela em sinal de (falso) apoio, enquanto se afastava. Abriu seu guarda-chuva e começou a andar em direção a saída. Caminhava com pose de quem era dona do lugar e como se tivesse ganhado uma fortuna. Perdida nos seus devaneios, acabou esbarrando com alguém.

Quando retomou a pose, conseguiu olhar em quem esbarrou. Era um homem muito belo. Olhos marcantes e cinzentos, barba por fazer, cabelo bem aparado. Vestia um sobretudo também, para proteger-se da chuva. O homem de seus sonhos. Laura não era muito chegada a romances – primeiro porque não era desejo de homem algum, e segundo porque nunca realmente sentiu amor em sua vida (fruto de uma infância de negligência e descuidado) e o encarava mais como um estorvo do que o sentimento perfeito e utópico que tanto lhe descreviam.

Ela foi puxada de volta a realidade pela voz grave, porém melódica do homem.

– Ah, desculpe por isso, você está bem? – perguntou.

– Estou… estou… melhor agora. – falou Laura. Embora cética quanto ao amor, normalmente permitia-se um flerte ou outro.

Alameda Laura - Foto 10

– A senhorita é muito gentil. Sou Edgar.

Sou Edgar. Essas palavras ecoaram dentro da cabeça de Laura. Então era ele? Ele era o noivo do estorvo da sua (meia) irmã? Mas ele era o homem perfeito para ela! Aquele com o qual ela sonhava durante seus sonhos molhados de adolescente. Perfeito, perfeito! Era noivo daquela?! Inadmissível!

– Oh.

– Estava indo para lá, entregar pra Rafaela um casaco. Deve estar congelando, a pobrezinha!

– É. Deve estar mesmo. – falou Laura, a fria e cínica de sempre. Mas decidiu retomar a pose e estendeu a mão direita em direção a Edgar. – Sou Laura, prazer.

– Senhorita Laura – ele tomou a mão dela e beijou-a suavemente – É um prazer.

Me sinto lisonjeada! Que cavalheiro, que galante!
Eu quero ele DENTRO DE MIM.

– Oh, o senhor é muito cortês. Minha irmã é uma mulher de sorte.

Alameda Laura - Foto 11

– Ah, então você é A Laura? – a expressão facial de Edgar parecia mais leve – É muito bom finalmente lhe conhecer! A Rafa falou muito de você.

Rafa?! Que nojo. Apelidinho nojento.
Cala essa boca e ME BEIJA.

A chuva batia nas calhas dos prédios ao lado.

– Melhor eu entregar o casaco para ela.

– Claro.

Que inferno! Por que eu sempre chego tarde?! Por que um homem como ELE tinha que ficar com alguém como ELA?!, resmungava Laura. Era só o que me faltava! Eu vou embora daqui!

Com o orgulho ferido, Laura voltou a levantar o queixo e dirigir-se ao seu carro. Quando ela passou o pórtico do cemitério, viu Edgar entregando o casaco a Rafaela e ela o beijando. A Laura, só restou-lhe conter o refluxo que sentia. Quando chegou perto do seu carro e estava prestes a abrir a porta e deixar sua bolsa no banco do passageiro, algo chamou sua atenção.

Eram os dois. Edgar e Rafaela. Pareciam estar discutindo, brigando, não se sabia ao certo. Mas conversavam num tom não muito agradável. Hm, problemas no paraíso?, pensou logo Laura. Ficou ao longe, observando os dois. A discussão não demorou muito, e os dois reconciliaram-se com um abraço. Laura parecia que ia vomitar. Edgar parecia se afastar.

Alameda Laura - Foto 12

Ela, então, abriu a porta do carro e deixou sua bolsa lá dentro. Quando fechou, encontrou Edgar, alguns carros ao lado, fazendo o mesmo. Os dois se entreolharam e soltaram uma risada nervosa.

– Ãh, senhorita? Posso conversar com você por um segundo? – Claro! Sempre!

– Sim?

– É estranho estarmos discutindo isto, uma vez que mal nos conhecemos fazem poucos minutos. – Laura notou que Edgar realmente não fingia ser cortês, e exibia uma cortesia notável – Mas estou um pouco preocupado.

– É sobre a Rafaela? – Droga! Não fala isso! O que está acontecendo com você, mulher?! Recomponha-se! – Digo, não quero parecer intrometida, mas vi a conversa de vocês ali atrás.

– Ah, sim, aquilo… – Edgar estava sem jeito e coçou a nuca em sinal de desconforto.

– Desculpe lhe deixar sem jeito… mas há algum problema?

– Não, imagine… quer dizer… – Edgar parecia estar dividido. Parecia esconder algo. – Posso ser honesto, senhorita?

– Claro. Me chame de Laura. – Benefício concedido a poucos.

– Então… Laura… é que estamos tendo um problema. Rafa e eu estamos vivendo na casa dos pais dela desde o… incidente. Ela não consegue aguentar mais. Tem pesadelos a noite, nada a conforta, volta e meia desaba a chorar… – confessou. Continue… – E eu, como noivo, estou preocupado… assim como a senhorita deve estar. Afinal, é a irmã dela.

– Claro…

O barulho da chuva.

Alameda Laura - Foto 13

– Eu não deveria lhe contar isto…, mas ela quer se mudar dessa cidade. Eu quero o que é melhor para ela, e não tenho dúvidas que essa mudança é importante. – confessou. – Me dói dizer isto, mas o problema é que não temos muito dinheiro para nos sustentar no momento. Eu vou ter que arranjar um emprego numa nova cidade, e isto não vai ser fácil… e ela também vai ter de encontrar outro hospital…

Ela é enfermeira? Ou médica?

– O que quero dizer é que ela está pensando se é possível ficarmos na sua casa por algum tempo. – Interessante… – Eu não queria lhe perturbar, mas infelizmente me faltam opções melhores no momento.

– Entendo…

– Desculpe lhe deixar nessa situação desconfortável, mas…

– Não, tudo bem. Eu entendo. Deve ser bastante difícil pedir pra irmã que ela quase nunca vê para morar com ela, coitadinha… – “coitadinha” nunca seria uma palavra que Laura pronunciaria sem um tom de ironia. – Farei eu o convite. E você poderá morar lá também.

É tudo que eu mais quero, meu amor…
Vem conhecer a MINHA CAMA.

– Ah! – Edgar empolgou-se – Que ótima notícia! Ela ficará muito feliz! Muito obrigado! Muito obrigado, senhorita Laura!

– É o mínimo que posso fazer! – falou Laura, secretamente feliz – Falarei com ela agora!

Laura se afasta de Edgar enquanto tenta esconder seu sorriso de orelha a orelha. Ela adentra o cemitério novamente para falar com a sua mei… irmãzinha.

Alameda Laura - Foto 14
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